Empreendedorismo Digital Jovem

Empreendedorismo Digital Jovem

Caminhos, desafios e transformações na educação dos jovens amazonenses

O cenário do empreendedorismo entre os jovens do Amazonas está ganhando novos contornos. Em um estado marcado por contrastes sociais e desafios de infraestrutura, iniciativas voltadas ao empreendedorismo digital vêm oferecendo caminhos alternativos de futuro para milhares de jovens — especialmente os das periferias urbanas e comunidades ribeirinhas.

Com a recente aprovação de um projeto de lei na Assembleia Legislativa que visa fomentar o empreendedorismo digital entre jovens de 18 a 29 anos, o debate em torno do papel da juventude na transformação econômica da região se intensifica. A proposta prevê medidas como a criação de incubadoras digitais, acesso facilitado a crédito e cursos gratuitos em inovação, tecnologia e gestão. Trata-se de um passo importante — não por sua autoria política, mas por aquilo que representa: um reconhecimento institucional da potência criativa e transformadora da juventude amazônica.

Educação que forma, inspira e transforma

O olhar sobre o empreendedorismo também está mudando nas escolas e centros de formação técnica. A educação tradicional, baseada unicamente na preparação para o mercado de trabalho formal, começa a abrir espaço para uma pedagogia voltada à criação de soluções, ao uso consciente da tecnologia e ao estímulo à autonomia.

Instituições como o CETAM e a Fundação Matias Machline têm sido protagonistas nesse processo, oferecendo cursos técnicos e gratuitos com foco em áreas como informática, robótica, marketing digital e mecatrônica. Além disso, programas como o Desafio Liga Jovem, do Sebrae-AM, vêm incentivando estudantes a desenvolver ideias de impacto com viés social e tecnológico.

Ecossistema em construção

Embora distante dos grandes centros de inovação do país, o Amazonas começa a consolidar um ecossistema local de empreendedorismo digital. Iniciativas como o Samsung Ocean Manaus, o instituto Sidia e o programa Conect.AI têm promovido eventos, hackathons e mentorias com foco em jovens talentos da região. O objetivo é conectar educação, mercado e tecnologia de forma sustentável.

Casos como o de Netto Santos, jovem empreendedor de Manaus que criou a plataforma “Tchibum na Amazônia” para fomentar o turismo de base comunitária com uso de tecnologia, são exemplo vivo de como a juventude pode ser protagonista da mudança — aliando cultura local, inovação e impacto social.

Os desafios seguem presentes

Apesar dos avanços, os obstáculos são muitos. O acesso à internet de qualidade, a limitação de crédito, a falta de redes de apoio e a baixa cultura empreendedora ainda impedem que milhares de jovens consigam tirar suas ideias do papel. A concentração de recursos em regiões centrais de Manaus e a dificuldade de interiorização das políticas públicas também são gargalos importantes.

Além disso, o empreendedorismo, quando mal interpretado, pode ser vendido como uma “solução mágica” para problemas estruturais como o desemprego juvenil. Por isso, é essencial que as políticas de incentivo venham acompanhadas de formação crítica, apoio contínuo e protagonismo juvenil real.

Para onde estamos indo?

O surgimento de políticas específicas para o empreendedorismo jovem no digital aponta para uma virada no modelo de desenvolvimento regional: mais participativo, mais criativo e menos dependente de grandes indústrias.

A Fundação Muraki acredita que a transformação da Amazônia passa pela formação integral de seus jovens. O empreendedorismo digital, quando bem orientado, pode ser uma poderosa ferramenta de emancipação — pessoal, econômica e comunitária.

Afinal, quem melhor para pensar o futuro da floresta do que aqueles que a vivem todos os dias?


Compartilhe